A Lei CLARITY Definiu Blockchains 'Maturas'. Veja o que ela deixou de abordar.
A descentralização não é suficiente para determinar se uma blockchain é verdadeiramente madura, argumenta Marc Vanlerberghe, Diretor de Estratégia da Algorand.

À medida que a indústria de ativos digitais evolui, também evolui a linguagem que usamos para descrevê-la. Um novo termo promissor — “blockchain madura” — entrou no discurso regulatório por meio do CLARITY Act, uma proposta legislativa bipartidária destinada a fornecer a tão necessária segurança regulatória em torno dos ativos digitais nos EUA. Entre outras coisas, define uma “blockchain madura” como aquela suficientemente descentralizada e que não depende de nenhuma pessoa ou entidade única para operar.
Isso torna a descentralização uma distinção legal crítica e pode também determinar se um ativo em uma determinada rede deve ser tratado como um valor mobiliário.
No entanto, enquadrar-se na definição de descentralizado não significa que uma blockchain esteja pronta para escala global ou adoção no mundo real. Para levar a tecnologia blockchain ao uso mainstream e prático, a maturidade deve significar mais do que apenas descentralização: deve também significar prontidão operacional, ou seja, a capacidade de uma rede de oferecer desempenho, confiabilidade e escalabilidade nessas condições. A descentralização é e deve permanecer um pilar fundamental da blockchain. Ela garante resiliência, neutralidade e resistência à censura. Mas a descentralização sozinha não é suficiente. Uma blockchain altamente descentralizada, mas que não consegue escalar de forma confiável, sofre quedas frequentes ou finaliza transações apenas após minutos de incerteza, terá dificuldades para suportar os tipos de aplicações (pagamentos, verificação de identidade, ativos tokenizados) para as quais o mundo está preparado.
Algumas blockchains atualmente, como Ethereum e Cardano, ainda estão passando pelo que poderia ser chamado de dores de crescimento. Suas equipes de engenharia estão focadas em resolver desafios da camada base: escalar para além de transações por segundo de dois dígitos, reduzir os tempos de finalização de minutos para segundos, estabilizar mecanismos de consenso ou abordar a confiabilidade do tempo de atividade. Esses desafios são reais, e o trabalho é importante. Mas eles também indicam que a rede ainda está em sua fase de desenvolvimento, ainda não estando pronta para suportar usos de alto risco e grau de produção.
Em contrapartida, um punhado de blockchains, como Solana e Algorand, já superaram esses obstáculos fundamentais. Elas demonstraram a capacidade de entregar alta taxa de transferência, baixa latência, finalização em menos de três segundos e praticamente zero tempo de inatividade. Essas redes não estão correndo para se estabilizar. Elas estão focadas em simplificar a experiência do usuário, integrar desenvolvedores não-Web3, incorporar frameworks de identidade descentralizada e suportar casos de uso regulados como pagamentos, tokenização e até transações com agentes de IA.
Essa mudança (da sobrevivência para a usabilidade) é o verdadeiro indicativo de uma blockchain madura. É o que sinaliza prontidão não apenas para os reguladores, mas também para desenvolvedores, empresas e usuários finais.
Então, como reconhecemos a maturidade da blockchain na prática? Uma pista está no roteiro. Se o roteiro de uma blockchain é dominado por atualizações em nível de protocolo, reestruturação da infraestrutura principal ou melhorias fundamentais na escalabilidade, frequentemente expressas em anos, é provável que ainda esteja trabalhando para se estabilizar. Isso não significa que não vá amadurecer, mas ainda não chegou lá.
Por outro lado, se o roteiro estiver centrado em novas funcionalidades e na expansão da usabilidade, integrações e novos casos de uso, isso é um forte sinal de que a cadeia está satisfeita com sua base técnica e é capaz de escalar.
A descentralização é importante, e o foco que o CLARITY Act lhe dá é algo positivo. Ao introduzir o conceito de maturidade da blockchain, a legislação proposta nos convida a ir além do pensamento único e começar a diferenciar as redes não apenas pela ideologia, mas pela arquitetura, desempenho e propósito. Ela também estabelece a base para a adoção institucional, onde as cadeias que atendem aos critérios de descentralização e maturidade operacional podem ser tratadas como infraestrutura verdadeiramente pública.
Num mundo onde as blockchains são esperadas para liquidar bilhões em valor, abrigar credenciais críticas de identidade e viabilizar pagamentos automatizados entre máquinas, tanto sua ausência de confiança quanto sua confiabilidade são essenciais. Devemos manter a descentralização como um princípio inegociável, mas também devemos insistir na confiabilidade no mundo real.
Maturidade, neste sentido ampliado, refere-se ao equilíbrio. Trata-se de cadeias que preservaram a descentralização enquanto oferecem desempenho de nível empresarial. Cadeias que não apenas resistem à captura, mas também à falha. Cadeias que estão preparadas não apenas para experimentação nativa em criptomoedas, mas para uma adoção significativa em setores como finanças, energia, mobilidade e além.
O futuro da blockchain não será moldado apenas pela ideologia. Será moldado por redes que estejam prontas para integrar, escalar, liquidar instantaneamente e desaparecer silenciosamente na infraestrutura da vida cotidiana. Esse é o tipo de maturidade que levará este setor da especulação à relevância.
Nota: As opiniões expressas nesta coluna são do autor e não refletem necessariamente as da CoinDesk, Inc. ou de seus proprietários e afiliados.
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