Coreia do Sul Orienta Empresas de Criptomoedas a Suspender o Lançamento de Novos Produtos de Empréstimo à Medida que Riscos de Alavancagem Aumentam

A Comissão de Serviços Financeiros (FSC) da Coreia do Sul ordenou que as exchanges suspendam novos produtos de empréstimo em criptomoedas até que diretrizes formais sejam estabelecidas, citando riscos crescentes para os usuários e a estabilidade do mercado.

Os reguladores apontaram para um incidente recente na Bithumb onde mais de 27.000 clientes utilizaram serviços de empréstimo em junho, com 13% sendo forçados à liquidação após os valores das garantias oscilarem contra eles.

A medida tomada pela FSC ocorre dias após analistas da Galaxy Digital publicaram um relatório onde destacaram o crescente volume de alavancagem nos mercados de criptomoedas como uma preocupação.

A orientação administrativa, emitida pelo FSC, permite que os empréstimos existentes sigam seu curso, mas impede a implementação de novos serviços de crédito. Autoridades afirmaram que, caso as plataformas ignorem a diretiva, inspeções presenciais e outras ações de supervisão serão realizadas. Diretrizes formais para empréstimos são esperadas nos próximos meses.

A repressão na Coreia ocorre enquanto a alavancagem cripto global dispara novamente em direção aos níveis de mercado em alta. O relatório da Galaxy mostra que os empréstimos colateralizados por cripto saltaram 27% no segundo trimestre, atingindo US$ 53,1 bilhões, o maior valor desde o início de 2022.

Semana passadaonda de liquidações de US$ 1 bilhão, provocado pela retração do bitcoin de $124.000 para $118.000, destacou a rapidez com que apostas excessivamente alavancadas podem se desfazer.

Analistas alertam que pontos de tensão já estão aparecendo em todo o sistema: apertos de liquidez no DeFi, filas de saída de staking de ETH e alargamento dos spreads entre as taxas de empréstimos em dólares on-chain e over-the-counter.

No entanto, nem todos concordam com a abordagem adotada pelas autoridades coreanas. Bradley Park, da DNTV Research, argumenta que são necessárias salvaguardas mais eficazes, e não um encerramento.

“A abordagem racional é atualizar a interface do usuário/experiência do usuário (UI/UX), as divulgações de risco e os controles de LTV para gerir a exposição de forma segura,” afirmou Park em nota ao CoinDesk, destacando que a maior parte dos empréstimos em exchanges é feita em stablecoins usadas para construir posições vendidas.

Ele acrescentou que a verdadeira preocupação do regulador pode ser as distorções na estrutura do mercado, como o prêmio negativo do kimchi, e não necessariamente o serviço em si.

Park afirmou que as lacunas de transparência também complicam a supervisão: Bithumb divulga a escala de sua atividade de empréstimos, mas a Upbit, a maior exchange do país, não o faz. Essa opacidade pode dificultar para os reguladores a avaliação dos riscos sistêmicos e pode ser um fator chave por trás da suspensão geral.

“Até que essas questões estruturais sejam resolvidas, a reabertura pode levar tempo; a prioridade deve ser entender o mecanismo e adotar um design orientado por dados, em vez de restrições generalizadas,” concluiu ele.

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