Argentina prende suspeitos de escanear íris ilegalmente – World continua a atuar no Brasil

A polícia argentina prendeu cinco suspeitos de escanear íris ilegalmente no país, de maneira similar ao que é feito pela plataforma World (alvo de várias críticas e proibições, inclusive no Brasil, como abordamos a seguir).
Segundo reportagem do jornal La Nacion e da rádio LT9, o grupo tinha US$ 600 mil em espécie e 29 celulares, quando foi detido pelas autoridades.
Em um estacionamento, eles se ofereciam para escanear a íris das pessoas em troca de pagamento em criptomoedas, para obter dados biométricos.
A hipótese inicial, conforme a polícia, é de que o grupo planejava usar esses dados para roubar identidades, em um esquema de fraude.
Porém, continua sendo investigado se alguma vítima chegou, efetivamente, a fornecer dados em troca de criptomoedas.
O estacionamento no qual o grupo se instalou atende a um shopping center de Santa Fé. A equipe de segurança do estabelecimento foi quem alertou a polícia.
A atuação da própria World, no entanto, é permitida na Argentina, apesar de protestos recentes em algumas regiões. No ano passado, a empresa falou em planos para transformar a Argentina em um centro de operações regionais.
Entretanto, há receios de que a companhia esteja se aproveitando da crise econômica no país para captar dados sensíveis, em troca de compensação em criptomoedas.
Como o Brasil está lidando com o escaneamento de íris?
No fim de janeiro, Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) determinou a interrupção do escaneamento de íris pela Tools for Humanity, associada à World. Sam Altman, CEO da OpenAI, que criou o ChatGPT, é cofundador da empresa.
Segundo comunicado da ANPD veiculado pela Agência Brasil, a coleta de íris humanas alimentaria a plataforma World ID. De acordo com a empresa, isso “promoveria maior segurança digital em contexto de ampliação das ferramentas de inteligência artificial”.
Em outras palavras, o serviço ofereceria uma prova de humanidade, a fim de diferenciar interações reais das automatizadas em ambientes digitais. Como resultado, os usuários poderiam comprovar sua identidade como humanos reais, sem fornecer informações pessoais sensíveis.
Na avaliação da ANDP, no entanto, a oferta de criptomoedas contraria a Lei Geral de Proteção de Dados. A legislação determina que “o consentimento para o tratamento de dados pessoais sensíveis, como o caso de dados biométricos, precisa ser livre, informado, inequívoco e fornecido de maneira específica e destacada, para finalidades específicas”.
A World, no entanto, apresentou um recurso contra a suspensão do serviço, a fim de apresentar mais informações à ANPD e atuar conforme as normas locais. Enquanto a instituição analisa o caso, a empresa pode continuar operando no país.
Como funciona o sistema da World?
O sistema da World utiliza um dispositivo chamado Orb, que funciona como uma câmera de alta resolução.
O Orb captura a imagem da íris e do rosto do usuário e a converte em um código de íris, uma representação numérica segura.
Segundo a World, o processo é anônimo e impede qualquer vinculação direta entre o usuário e os seus dados.
Ainda conforme a empresa, a tecnologia fraciona os códigos de íris usando criptografia avançada. E esses fragmentos são armazenados em universidades e terceiros confiáveis.

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