Vanguard chama Bitcoin de ‘Labubu digital’, mas libera negociação de ETFs na plataforma

A Vanguard passou a permitir que seus clientes negociem ETFs spot de Bitcoin, mesmo mantendo uma postura abertamente cética em relação às criptomoedas.
A gestora, que administra cerca de US$ 12 trilhões, reforçou que não vê o Bitcoin como um ativo produtivo de longo prazo.
Segundo a Bloomberg, John Ameriks, chefe global de ações quantitativas da Vanguard, comparou o Bitcoin a um item colecionável viral.
Para ele, o criptoativo se assemelha mais a um ‘Labubu digital’ do que a um investimento tradicional.
Ameriks afirmou que o Bitcoin não gera renda, não oferece fluxo de caixa e não se beneficia de juros compostos.

Esses fatores, segundo ele, são essenciais para a estratégia de investimentos de longo prazo da gestora.
A declaração ocorreu durante a conferência Bloomberg ETFs in Depth, realizada nesta semana.
No mercado, o Bitcoin era negociado próximo dos US$ 90 mil, abaixo do pico registrado em outubro.
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Abertura da plataforma não muda visão negativa sobre cripto
Apesar da liberação, a Vanguard reafirmou que não pretende lançar ETFs próprios focados em criptomoedas.
A decisão de abrir a plataforma veio após meses de monitoramento do desempenho dos ETFs de Bitcoin.
Esses produtos começaram a ser negociados em janeiro de 2024 nos Estados Unidos.
Segundo Ameriks, a gestora queria confirmar se os fundos entregavam exatamente o que prometiam.
Ainda assim, ele deixou claro que a Vanguard não orientará clientes sobre compra ou venda desses ativos.
A empresa permitirá a negociação, mas sem oferecer qualquer tipo de recomendação. O movimento representa uma mudança de postura após pressão crescente de clientes.
Concorrentes como BlackRock e Fidelity captaram bilhões com seus ETFs de Bitcoin.
O iShares Bitcoin Trust, da BlackRock, tornou-se o ETF mais rápido da história a alcançar US$ 70 bilhões sob gestão.
Enquanto isso, clientes da Vanguard reclamavam da restrição e ameaçavam encerrar contas.
Troca no comando influenciou a mudança estratégica
A mudança também coincide com a troca de comando na gestora.
Salim Ramji assumiu como CEO neste ano, após liderar a área de ETFs da BlackRock.
Ramji esteve diretamente envolvido no lançamento do ETF de Bitcoin da concorrente. Desde então, ele tem reconhecido publicamente o potencial da tecnologia blockchain.
Mesmo assim, a Vanguard insiste que não há planos para produtos próprios ligados a criptoativos.
Andrew Kadjeski, chefe de corretagem da empresa, afirmou que esses ETFs passaram por períodos de forte volatilidade.
Segundo ele, os fundos funcionaram conforme o esperado e mantiveram liquidez. Kadjeski também destacou que os processos operacionais amadureceram.
Além disso, ele reconheceu que as preferências dos investidores continuam evoluindo.
O antecessor de Ramji, Tim Buckley, defendia que um ETF de Bitcoin não fazia sentido em carteiras de aposentadoria.
Criptomoedas seguem classificadas como ativos especulativos
Mesmo com a abertura da plataforma, a Vanguard mantém sua visão crítica sobre o setor.
Executivos da gestora continuam classificando criptomoedas como investimentos altamente especulativos.
Dados da FINRA mostram que 66% dos investidores americanos compartilham essa percepção.
Esse percentual era de 58% em 2021, indicando aumento da cautela. Ameriks admitiu que o Bitcoin pode ter utilidade em cenários específicos.
Entre eles estão períodos de inflação elevada ou instabilidade política.
No entanto, ele destacou que o histórico do ativo ainda é curto demais para conclusões sólidas.
Apesar do discurso público, a Vanguard possui exposição indireta ao Bitcoin. A gestora é a segunda maior acionista institucional da Strategy.
Além disso, ela trata fundos de criptoativos de forma semelhante a ativos não centrais, como o ouro.
Por fim, com mais de 50 milhões de clientes, a abertura da plataforma pode facilitar a entrada de capital tradicional no mercado cripto.
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