Tether, criadora do USDT, desiste de criar a própria blockchain para a sua stablecoin

Tether Holdings, a emissora da maior stablecoin do mundo, a USDT, decidiu cancelar os planos de lançar sua própria blockchain.
A decisão é motivada por um mercado saturado e pelos princípios de oferta e demanda, disse Paolo Ardoino, CEO da Tether, em uma entrevista à Bloomberg News.
Ardoino explicou que, apesar das fortes capacidades tecnológicas da Tether, o mercado já está saturado de blockchains.
“Somos muito bons em tecnologia, mas acredito que as blockchains se tornarão quase uma commodity no futuro”, afirmou Ardoino.
Blockchains bem estabelecidas já existem
Ardoino também observou que lançar uma blockchain talvez não seja o movimento certo para a Tether, especialmente quando já existem várias blockchains bem estabelecidas e eficazes disponíveis.
Com um valor de mercado de US$ 117 bilhões, o USDT desempenha um papel importante na negociação global de criptomoedas e remessas.
Dado os vastos recursos da Tether, lançar sua própria blockchain poderia ter sido um empreendimento viável.
No entanto, a decisão de não fazê-lo é vem dos dados de mercado, que destacam o domínio de algumas blockchains principais.
De acordo com a DefiLlama, de 306 blockchains existentes, as cinco principais controlam aproximadamente 86% do valor total de ativos bloqueados.
Ethereum, a blockchain líder, possui um valor bloqueado total (TVL) de US$ 87,7 bilhões dos US$ 133,2 bilhões em todas as cadeias.
TRON, outro player significativo, gerencia US$ 8,1 bilhões em TVL e suporta 49% do suprimento de USDT.
O sucesso de uma blockchain depende de fatores como velocidade, taxas baixas, casos de uso e segurança robusta.
A dominância da Ethereum pode ser atribuída à sua vantagem de pioneirismo, flexibilidade para desenvolvedores criarem contratos inteligentes e seu status como sede do segundo token mais líquido, apesar de suas taxas relativamente altas.
Sobretudo, o ecossistema de blockchain evoluiu para um ambiente multichain, com desenvolvedores e emissores distribuindo suas atividades em várias plataformas.
Para a Tether, o foco permanece em manter o mais alto nível de segurança e sustentabilidade para o USDT, independentemente da blockchain em que é negociada.
“Para nós, blockchains são apenas camadas de transporte”, disse Ardoino.
Preocupações com as reservas da Tether
Apesar do sucesso da Tether, preocupações sobre a qualidade dos ativos que respaldam o USDT persistem no setor cripto.
Um relatório recente das Nações Unidas destacou a popularidade do Tron entre atividades de fraude cibernética e lavagem de dinheiro no Sudeste Asiático.
A Tether refutou essas alegações, enfatizando sua colaboração com as autoridades legais e a rastreabilidade de seu token.
No início deste ano, a Tether fez parceria com o provedor de infraestrutura de ativos digitais Fuze para aprimorar a educação e conscientização sobre ativos digitais na Turquia e no Oriente Médio.
Segundo o anúncio, as duas empresas pretendem abordar vários aspectos da educação no âmbito dos ativos digitais. Alguns destes incluem soluções de pagamento internacional, conformidade, desenvolvimento de estruturas regulatórias e educação para instituições financeiras locais.
Por fim, em julho, a empresa também introduziu uma nova opção de pagamento para o povo das Filipinas, permitindo que paguem suas contribuições ao sistema de segurança social (SSS) usando sua stablecoin, USDT.
Em suma, o SSS é um programa de seguro social gerido pelo estado que oferece suporte a funcionários dos setores formal e informal.

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