Mineradora de BTC Bitfarms abandona cripto e diz que IA será maior

A mineradora de BTC, Bitfarms tomou uma decisão histórica ao anunciar que vai abandonar gradualmente a mineração de Bitcoin.

Ela vai direcionar toda a sua operação para infraestrutura de computação de alta performance e inteligência artificial.

A empresa, listada em bolsa e conhecida como uma das mineradoras mais tradicionais do setor, revelou a mudança durante a divulgação dos resultados do terceiro trimestre.

O movimento que surpreendeu o mercado e marcou um dos maiores reposicionamentos já vistos entre mineradoras.

A decisão veio após mais um trimestre difícil.

A Bitfarms registrou perda líquida de US$ 46 milhões, número quase duas vezes maior que o prejuízo do mesmo período em 2024.

Assim, a empresa passou a admitir que o modelo de mineração enfrenta margens cada vez mais apertadas, níveis elevados de competição e custos energéticos instáveis, fatores que tornam o negócio menos atrativo a cada ciclo.

Mineradora de BTC em dificuldades

Mesmo com o cenário pressionado, a companhia conseguiu fechar uma oferta de US$ 588 milhões em notas conversíveis, o que elevou sua flexibilidade financeira para mais de US$ 1 bilhão.

Esse reforço permitiu acelerar o plano de conversão das operações.

De acordo com o CEO Ben Gagnon, o futuro da empresa está totalmente ligado à computação de alto desempenho, e não mais ao Bitcoin.

Durante a apresentação dos resultados, Gagnon afirmou que a Bitfarms já iniciou a transformação de sua unidade em Washington para acomodar placas Nvidia GB300 com resfriamento líquido de última geração.

O executivo destacou que, apesar de representar menos de 1% do portfólio total da empresa, o local pode gerar mais receita operacional que todas as operações de mineração juntas.

Esse cálculo ajuda a explicar o movimento.

A Bitfarms acredita que o modelo de ‘GPU como serviço’ permite margens muito superiores, já que a demanda por infraestrutura para IA cresce rapidamente em toda a América do Norte.

Dessa forma, a empresa informou que a desativação das operações de mineração ocorrerá entre 2026 e 2027, de forma gradual, enquanto os novos centros de HPC são construídos.

Embora a transição seja ambiciosa, a Bitfarms parte de uma base relevante. Atualmente, ela opera 12 data centers com capacidade combinada de 341 megawatts.

Esse volume de energia, antes essencial para minerar Bitcoin, agora se torna um diferencial estratégico em um mercado no qual aplicações de IA exigem grande potência e alta estabilidade.

Momento de adaptação da empresa

No relatório do trimestre, Gagnon reforçou a confiança na capacidade de adaptação da empresa.

Ele destacou que há forte demanda por seus espaços e energia, fatores que garantem vantagem competitiva diante da explosão global de projetos de IA.

Além disso, a Bitfarms já assegurou US$ 300 milhões em financiamento para acelerar a conversão do site Panther Creek, na Pensilvânia.

Ele será transformado em um centro denso de computação voltado exclusivamente para inteligência artificial.

Enquanto isso, o mercado reagiu de forma dura à notícia. As ações da Bitfarms despencaram cerca de 18%, fechando a US$ 3,62 na quinta-feira e acumulando queda superior a 50% no mês.

A reação negativa mostra a preocupação dos investidores diante da virada radical de estratégia, embora analistas reconheçam que a empresa segue a tendência de várias mineradoras que veem maior rentabilidade no setor de IA.

Esse movimento ocorre em um momento em que a mineração de Bitcoin enfrenta pressão global.

A dificuldade da rede segue alta, os custos seguem voláteis e a competição por recompensas cresce, fatores que reduzem as margens de forma consistente.