Shayne Coplan, da Polymarket: Blockchain lhe permitiu construir uma força global a partir do seu quarto

Miami Beach — Quando Shayne Coplan lançou a Polymarket, ele não tinha uma equipe nem um grande financiamento. O que ele tinha era uma blockchain, uma forte convicção e um laptop.

“Sou um fundador solo. Comecei literalmente com quase nenhum dinheiro,” disse Coplan durante uma conversa na conferência de criptomoedas, IA e blockchain da Cantor Fitzgerald em Miami Beach na quarta-feira. “O interessante das blockchains é que permitem que algum jovem em seu quarto — ou no banheiro, escritório ou onde quer que seja — vá e inove, experimentando com aplicações financeiras.”

Ele atribuiu à natureza aberta da blockchain a possibilidade de criar um mercado global funcional sem o respaldo institucional tradicional. “A barreira de entrada para construir algo inovador no setor tradicional de fintech é proibitiva para qualquer pessoa que está tentando criar algo novo, que é jovem, que não possui muito capital e não dispõe de muito tempo”, afirmou ele.

Polymarket, lançado em 2020, permite que os usuários negociem sobre a probabilidade de resultados do mundo real — desde eleições até decisões do Fed e fofocas de celebridades. A plataforma não funciona com base em dados de pesquisas ou previsões de especialistas. Em vez disso, permite que o mercado determine as probabilidades.

“Quando as pessoas estão acompanhando uma eleição, ou uma eleição que tem implicações para o seu sustento, elas querem saber quem vai ganhar,” disse Coplan. “As pesquisas são aceitáveis, aqui está um grupo aleatório de pessoas... mas elas consistentemente tendem para um lado ou para o outro. É apenas ruído.”

Ele acredita que os mercados oferecem algo mais honesto: um preço respaldado por convicção e risco.

“Temos esse ciclo em que sempre que há uma grande eleição, todos correm para o Polymarket, todos estão conferindo. Então, todos inventam uma teoria da conspiração sobre por que não é preciso”, disse ele. “Se Cuomo está sendo negociado a cinco centavos para ganhar 1 dólar... se na verdade vale 40 ou 50 centavos e está sendo negociado a cinco, você deveria comprar. Você deve investir onde diz.”

Cada negociação na Polymarket é peer-to-peer, e os preços refletem a crença coletiva. “Não é uma função de quanto dinheiro foi apostado em cada candidato”, explicou Coplan. “Em qualquer momento, existem ações de sim... e se você olhar para o livro de ordens, há ofertas de compra e venda.

Qualquer que seja o ponto médio, essa é a probabilidade. Esse é o valor presente para ganhar $1 se estiver correto.”

Além da política, Coplan vê um potencial mais amplo: mercados de previsão como ferramentas para a tomada de decisões, mesmo em políticas públicas.

“Você pode perguntar: qual é a probabilidade de Cuomo vencer se Sliwa não desistir, e qual é a probabilidade de ele vencer se ele desistir?” ele disse. “A partir dos mercados, se você estruturar isso corretamente, pode auxiliar a tomada de decisões na sociedade em uma escala sem precedentes.”

Coplan também acredita que a Polymarket pode competir com as plataformas de apostas tradicionais ao oferecer algo que as casas de apostas convencionais não podem: justiça.

“Se você está apostando ou negociando o resultado de um jogo... há um monopólio sobre a precificação. Você negocia contra a casa todas as vezes,” ele disse. “Eles podem definir quaisquer preços que desejarem. Se você lucrar, eles podem bani-lo. Podem perfilá-lo e oferecer preços piores ou limitar suas operações.”

“Esta é a América. Você vê algo tão ineficiente e tão manipulado contra o consumidor — quando se trata de um mercado financeiro, mas está posicionado como um produto de entretenimento feito para você perder — você não pode reclamar quando surgem alternativas no mercado financeiro.”

Coplan prevê que a Polymarket, eventualmente, desempenhe um papel em setores como o de seguros, onde os consumidores frequentemente enfrentam serviços agrupados e prêmios elevados.

“Muitas vezes, se você está demitindo ou tentando fazer hedge contra algum tipo de risco exótico, você está interagindo com uma empresa que possui uma equipe de vendas, um departamento de riscos... geralmente acaba pagando preços muito ruins,” ele disse. “O que é incrível no Polymarket é que você pode ver pessoas criando um Polymarket para o mesmo tipo de risco... pessoas no ramo de precificação de riscos podem fornecer liquidez. Pessoas boas em vendas podem ir e permitir que eles façam hedge desses riscos.”

Ele também abordou o papel que os agentes de IA podem em breve desempenhar nos mercados de negociação. “Você vê muitas pessoas experimentando esses agentes de IA que podem avaliar o sentimento, monitorar as notícias e basicamente formar sua própria opinião... quando percebem um erro de precificação, podem tentar corrigir o mercado,” disse ele. “Mesmo que haja muito pouca liquidez, ou um pequeno subsídio de liquidez, esses agentes irão atuar, e as pessoas competirão para construir os agentes mais precisos.”

Coplan afirmou que o longo cauda dos mercados de nicho — qualquer coisa relacionada à incerteza — é onde reside grande parte do potencial da Polymarket. “Isso gerará muito volume? Não. Mas desbloqueará um novo formato de informação? Sim,” disse ele. “As probabilidades da Polymarket — a porcentagem de probabilidade de algo — poderiam ser ampliadas para uma gama muito maior de oportunidades.”

À medida que a Polymarket se prepara para ampliar sua presença nos EUA e integrar novos usuários por meio de uma exchange beta, Coplan permanece focado em se manter à frente das instituições tradicionais — e em construir uma plataforma que cumpra a promessa original da blockchain.

“Nós apenas tentamos construir o melhor produto,” disse ele. “Algo que as pessoas adoram usar, onde sua opinião realmente importa.”